quinta-feira, 9 de setembro de 2010

COPACABANA - 1950 - 1960 - A DÉCADA DE OURO


COPACABANA

1950 -  1960 - A Década de Ouro
Antes, era o pós-guerra. Depois, a vida mudou. Naqueles dez anos Copacabana proporcionou-me muita coisa boa. Algumas ruins, também. Mas as comportadas irreverências de solteiro, as amizades, o namoro, o casamento, a vida a dois, logo depois a três, depois a quatro... são marcas que ficarão para sempre. Nem sempre em Copacabana, é verdade, mas sempre marcas indeléveis.
Na verdade esse bom tempo durou mais do que uma década. Em 1947 eu tinha quinze anos e já me encantava pelo bairro. Sempre que podia levava minha vida gostosamente irresponsável por lá. Estudava, apenas. Não precisava trabalhar, o sustento estava garantido pela família. Dinheiro mesmo eu nunca tinha, além dos vinte cruzeiros de mesada - cinco por semana. Dava para um cinema, um sorvete na praia, o bonde de ida e volta e mais alguma pouca coisa. Mas eu sempre descolava mais algum, por isso nunca tive o que reclamar.
E eu nunca morei lá...
Mas vivi intensamente Copacabana. Saía de Botafogo, pegava o 13 - Ipanema - Túnel Novo (túnel que depois foi duplicado, ganhou o apelido de mata-paulista, porque então, já com mão única, ainda tinha os bondes - verdadeiras paredes ambulantes -  trafegando em sentido contrário), e quando ele se enfiava por dentro do morro eu já me sentia copacabanense, despontando do outro lado em um mundo novo.
Sem traficantes, sem trombadinhas ou arrastões na areia. E olhe que os morros já estavam lá, com suas favelas e sua gente trabalhadora.
Há muito mais coisas a contar do que o que vai ficar aqui registrado, que foi apenas no que eu participei ou que eu vi, ou que me lembro.
Pode ser que eu cometa erros. Na cronologia, ou mesmo nas lembranças. Às vezes a gente se lembra de uma coisa, jura que é aquilo mesmo e outra pessoa nos mostra que não foi bem assim. Não sei. Mas, pelo menos, errado ou não, é o que eu tenho na memória.

A Avenida Atlântica
Uma única e estreita pista, mão dupla, estacionamento em um dos lados e nem sempre cheio, porque afinal nem tantos assim eram os carros, e a praia com faixa de areia também tão estreita, que em dias de ressaca às vezes desaparecia. E sem ambulantes.
A avenida (e a praia) esbanjava charme, charme de quem sabia que era gostosa e única.
Aos domingos, os carros andavam a vinte por hora, como nos antigos corsos da avenida, no carnaval. Todos queriam apenas passear, apreciar as morenas, sem pressa. Isso, de manhã ou à noite. O dia inteiro. Se algum carro parasse uns instantes para um papo, ninguém reclamava. Era uma oportunidade para conferir as “sereias” que se espichavam na areia, ou o footing vespertino ou noturno. Situação inimaginável, hoje em dia. Dizia-se, na época, que Copacabana era “cosmopolita”. Só mesmo entre aspas. Cosmopolita ela é hoje, onde se falam todas as línguas do planeta, onde em alguns pontos da areia há mais gringos do que conterrâneos nossos. Na década de 50 ela era carioca, isto sim. Cosmopolita, naquela avenida, só o Copacabana Palace.
Por falar nele, era outra festa à parte, no carnaval, tentar ver as artistas de Hollywood, convidadas do Jorginho Guinle, saírem de carro para o baile do Municipal. Ninguém via nada, mas imaginar-se que elas estavam dentro dos carros, que paravam na porta para levá-las, era o suficiente. Um cordão de isolamento separava a plebe das deusas.
Naquela época, a avenida Atlântica era apenas uma via charmosa paralela ao mar. Agora, tem de tudo: duas pistas de tráfego intenso, um calçadão imenso transformado em estacionamentos particulares dos edifícios, postos de gasolina, feiras de artesanato, guardas, com seus apitos estridentes mandando correr os carros para desafogar o trânsito, ciclovias, ambulantes - vítimas do sub-emprego - berrando todo o tempo as qualidades de suas mercadorias, e quase luta armada para garantir um metro quadrado onde estender a toalha na areia. Perdeu o charme, mas não perdeu o cetro - quem não a conheceu como era, ainda acha tudo uma beleza.

Os Cinemas
Dois graves defeitos: em todos os cinemas, não só no Roxi, fumava-se na sala de projeção, por incrível que pareça, e era permitido assistir ao filme em pé, nas laterais e atrás da última fila. A fumaça formava um cone de luz embaçada, da cabine de projeção até a tela.
Juntava-se uma multidão na sala de espera, nos fins de semana, e ao fim de cada sessão, quando as portas se abriam, parecia um estouro de boiada. Mas a nossa idade fazia com que passássemos por cima de tudo isso. E havia os lanterninhas, hoje desaparecidos, que não raro, com a desculpa de mostrar lugares vagos, iluminavam os casais no meio do amasso.
Os filmes nacionais eu quase não via. Para meu gosto de jovem, eram muito mal feitos, e, se o tema não era nordeste-cine-arte, descambava para as favelas ou chanchadas de Oscarito, com o som sempre desvinculado da imagem. Eu não dava nenhum valor ao “cinema-arte”, e nunca me ufanei do meu país.
Só na avenida Copacabana tinha uns dez cinemas. O Jóia e o Ritz eram os menos votados, um em cada extremo do bairro. Eram meio sobre o poeira. Mas íamos assim mesmo, dependendo do filme. Na avenida Atlântica ficava o Rian, também muito bom, mas fora do “eixo cultural”.

O Fusca Preto
Um dia Marcelo chamou-me para uma volta de carro. Uma tia dele viajou e deixou com ele por todo um fim de semana o seu fusca, que não se chamava fusca, mas volks. Um volks preto, bastante incomum na época.
Uma temeridade, um carro na mão do Marcelo por todo um fim de semana. Bom amigo, mas meio irresponsável. Isto é, um pouco mais irresponsável do que nós outros. Ele não tinha carteira, como de resto ninguém tinha (nem carteira nem dezoito anos), mas não tinha também PM nas ruas pra cobrar pedágio, então tudo bem. No sábado à tarde, depois de um bordejo por toda a zona sul, resolvemos pegar um cinema. Vagas não faltavam, ninguém tinha carro. Ele estacionou na rua Dias da Rocha, fechou o carro e entramos no Metro. Finda a sessão, voltamos ao volks. Mas ao tentarmos abri-lo, a chave entrava mas não girava. Juntaram logo em volta algumas pessoas, querendo ajudar, até que com a autorização do Marcelo e mais cinco cruzeiros, um “mecânico” forçou o quebra-vento e abriu a porta. Mas a ignição também não funcionou, o que não foi problema para o pseudo-profissional da graxa, que com dois pedaços de fio improvisou uma ligação direta por baixo do painel. Fomos embora, já combinando uma praia no dia seguinte. Lógico, de carro. Não importava que o carro estivesse impedido de ser trancado, e mais - com ligação direta. O problema da chave ficaria para depois. Bendita tia.
No domingo, estacionamos em plena avenida Atlântica, tranquilamente, e ficamos na praia até tarde. Claro, com o carro aberto. Depois da praia, quando voltávamos para casa, o volks foi violentamente fechado na avenida Copacabana por um lotação, de onde saltou um cara super nervoso, gritando “ladrão, ladrão”. Não entendemos nada e quase levamos porrada no meio do povo que se juntou em volta. O trânsito, parado.
Para encurtar a história: na véspera - já era noite quando saímos do cinema - enganamo-nos de rua, “roubamos” um carro tranquilamente, com a prestimosa ajuda do mecânico e da assistência, e nos mandamos. Foi um custo convencer o cara a ir conosco até o “nosso” carro, que continuava serenamente estacionado desde a véspera, no local onde o havíamos deixado...
Com um trinco do quebra-vento novo o cara deu-se por satisfeito, embora meio desconfiado. E nós facilmente entramos no volks preto - se um era raro, imagine dois - e seguimos nosso passeio...

As Garotas na Marquise
Perto da Bolivar, mas na Copacabana, havia um inferninho que funcionava na sobreloja de um prédio, que dava modestos shows, com coristas, esquetes cômicos, cantores, etc. Tudo num espaço exíguo, sem a menor condição de abrigar uma casa de espetáculos. Mas o maior espetáculo se dava do lado de fora, na rua. Durante o show, as coristas, de acordo com a “coreografia”, tinham que sair do palco por um lado e entrar pelo outro. Mas não havia espaço para essa passagens por trás da ribalta. Sem problema. Elas saíam por uma janelinha minúscula, agachadas, passavam para o outro lado por fora, por cima da  marquise do prédio, e se enfiavam em outra janelinha. Isso em trajes sumários, aliás sumaríssimos - para os padrões da época. A rua ficava cheia de gente que já sabia as horas certas em se dava o excitante traslado. Quando elas passavam, era um assovio só, e as meninas gostavam. Faziam até pose de vedete para o público não pagante. Era um programa: “Vamos ver as meninas da marquise? Está na hora...”

O Fiat Conversível
Quando meu pai morreu, a fonte de renda da família ficou bastante reduzida. Convenci minhas irmãs a comprarmos um carro, vendê-lo um pouco mais caro e ir repetindo a operação, a fim de ganharmos algum dinheiro. Não deu certo - compramos um Fiat 48, 4 portas, conversível, amarelo e preto. Uma beleza. O que podia ser cromado no motor, era. Esse carro hoje em dia valeria uma pequena fortuna. Foi comprado por 55 mil e vendido por 53 mil alguns meses depois. Acabou aí a minha carreira de vende-dor.
Mas demos alguns passeios no Fiat. Dois deles, que bem me lembro, em Copacabana. Uma noite, que eu estava com Antônio - ele dirigia - ele acelerou um pouco mais, a capota soltou-se e voou longe. Tivemos um acesso de riso difícil de controlar, vendo aquela lona presa pela traseira e se debatendo. Parecia filme de Carlitos.
De outra vez, era eu no volante, também à noite, na avenida Atlântica, fazendo parte daquele corso a que já me referi. Na minha frente, um reluzente Chevrolet 53, último tipo. De repente, passa devagarzinho ao meu lado, em fila dupla, um carro da polícia, e o cara olhando para mim. Já viu : eu não tinha carteira, e quem tem culpa no cartório se condena. Eu me enrolei todo, e, embora a dez quilômetros por hora, bati no parachoque do Chevrolet. Mas como os parachoques daqueles carros faziam jus ao nome, nada aconteceu em nenhum dos dois. Parou o Chevrolet, parei eu, atrás, e parou o carro da polícia, do lado, em fila dupla. Eu me desmanchei em desculpas, mas o outro engrossou, começou a falar alto. A polícia só olhando. Pensei: tô frito, quem bate por trás é culpado. Mas, tanto que o dono do Chevrolet reclamou que o policial se meteu:
- Ô cara, que é que há? Não houve nada, o rapaz tá aí educado pedindo desculpa, que é que você quer mais? Vai rodando, vai rodando...
O outro ainda resmungou alguma coisa, entrou no carrão e se mandou. E o policial, pra mim, rindo:
- Vai, rapaz. Mais cuidado, hein?
Já não se fazem mais policiais como antigamente...

A  AABB -
O carnaval na AABB - Cassino Atlântico - tinha duas caras. Uma à tarde e outra à noite. À tarde havia o baile infantil, como nos outros clubes. O baile, comportado, era à noite. Mas... também à tarde, mas no porão, os pré-carnavalescos pegavam fogo, e nos dias de carnaval o Baile do Cabide mais ainda. Ali rolava de tudo, de tudo mesmo, embora estivéssemos nos anos cinqüenta. Mas os convites eram muito ca-ros, e não eram para o nosso bico. Eu fui só uma vez. Uma turma: eu, Calazans, Lúcio, Rogério e Murilo. À noite eu ia, porque sempre alguém arranjava convites de graça. Foi nesses bailes à tarde que eu vi, pela primeira vez, as “prises” de lança-perfume, que era espirrado no lenço e cheirado. As pessoas caíam tontas no meio do salão, mas ninguém ligava. Prenúncio das orgias de cocaína e outros quejandos de hoje.

A Praia
A praia era uma festa. Dava a impressão que todos se conheciam. Não havia esnobação, ninguém estava preocupado com desfile de modas ou algum tipo de preconceito. A finalidade ali era apenas curtir a areia e o mar.
Por duas vezes quase morri nas suas ondas. Em dias de mar agitado íamos para além da arrebentação e voltávamos pegando jacaré (o surf ainda não tinha nascido, pelo menos por aqui). Íamos do posto seis ao dois andando pela areia e mergulhando em cada um deles. Um dia, numa dessas mergulhadas, resvalei num rodamoinho que não conhecia, e não ia nem pra frente nem pra trás. Foi um sufoco. De outra vez passei apertado porque era um dia de ondas muito grandes, que me enrolaram completamente. Outro sufoco. Mas nada que nos impedisse de fazer a mesma coisa no dia seguinte. A idade nos fazia invencíveis.
Uma vez eu e Murilo voltamos de um baile de carnaval no Fluminense, já de manhã, e como já tínhamos combinado ir de sunga por baixo da fantasia, só passamos lá em casa para pegar a barraca. Chegamos na praia às seis da manhã, não tinha ninguém. Armamos a barraca e deitamos na areia, para dormir debaixo da sombra. Só que a sombra, às seis horas, estava numa posição, e quando acordamos, ao meio-dia, estávamos cercados de gente por todos os lados e a barraca vazia, lá longe, com nossas fantasias, dinheiro, tudo... Ninguém mexia em nada. Inacreditável.

Galeria Alaska
Nunca reparei se ainda existe. Claro que está lá, no posto seis. Nunca mais reparei, na verdade, é se ainda é o que era, território proibido para as famílias. Reduto da bicharada de Copacabana, que não era leve, livre e solta como hoje em dia. O negócio ainda era bem enrustido, e se hoje ainda existe preconceito, imagine naquele tempo. Entrar no Cinema Alaska era ser assediado acintosamente pelos garotos alegres. Até mesmo pelas calçadas da avenida Copacabana e da avenida Atlântica eles se insinuavam. Lógico, a galeria era frequentadora assídua, também, do noticiário policial. Não foram poucos os crimes ali cometidos.

O Relógio de Pulso
Foi na avenida Copacabana. Me contaram, não presenciei, mas mesmo que não tenha sido verdade é engraçado. A segurança era total, sem exagero. Não passava pela cabeça de ninguém ser assaltado, ainda mais de dia e na rua movimentada. Mas... um ladrãozinho sem vergonha sempre aparece. A moça estava andando calmamente quando sentiu um esbarrão meio violento, dado por outra moça, que passou apressada. Quando ia reclamar, percebeu que estava sem o seu relógio. Procura daqui e dali, catou a outra, que já se afastava ligeira, e a viu mexendo no pulso. Correu atrás e a segurou pelo braço. “Me dá o relógio, safada!” A outra arregalou o olho, tirou depressa o relógio, entregou a ela e afastou-se, medrosa e apressada. Ela não foi atrás - colocou, nervosa, o relógio no pulso e foi embora, resmungando, porque já começava a juntar gente em volta. Quando chegou em casa, lá estava o seu relógio, em cima da mesa. Ela havia esquecido de levá-lo. Só então viu que o que estava no seu pulso era bem diferente do seu...

Galeria Azul
Hoje está irreconhecível. Deve ter sido uma das primeiras galerias comerciais. Só me lembro de uma mais antiga do que ela, a galeria Menescal.
Irreconhecível porque foi engolida pelo entorno, pelas lojinhas da fachada que cresceram para os lados, estreitando mais as entradas já pequenas. Tem forma-to de “U” e até hoje a maioria das lojas é sem expressão, como pequenos bares, sapateiro remendão, prestadores de serviços, etc. Mas era religiosamente frequentada por nós, quando saíamos dos cinemas atrás de um lanchezinho fajuto. Os bules de café eram de alumínio azul, uma novidade. Simpática, a galeria.


Barata Ribeiro, 200
Este prédio mudou de número, acho que agora é o 192, de tanto que a sua fama correu o Rio. O noticiário policial era recheado de seus casos. Tem mais de cinquenta apartamentos por andar, corredores enormes e estreitos, onde andavam até de moto por eles. Uma vez uma senhora que morava sozinha faleceu, de morte natural, em um dos apartamentos, e só deram falta dela no condomínio seis meses depois. E dizem que diariamente ela conversava com o porteiro.
Nem o mau cheiro do corpo em decomposição foi o suficiente para detonar o desaparecimento.
Contam que um dia um morador chegou de madrugada e constatou que havia esquecido a chave. Da rua chamou a mulher, discretamente : “Meu bem, sou eu... jogue a chave...” O cara morreu ali mesmo, debaixo de uma chuva de chaves na cabeça. Virou até “modinha” de carnaval, como se dizia na época.

Por Cima do Túnel
Não se chega a Copacabana apenas pelos dois túneis. Há a passagem sobre o túnel Novo, uma ladeira íngreme onde os carrões americanos, pesadões, precisavam estar muito bons de motor e de freios para subir, e enfrentar a correspondente descida, também muito íngreme, que acaba numa curva de noventa graus na praça Arcoverde. Esse trajeto era motivo de pegas entre os meninos riquinhos da época, e o máximo era conseguir descer a ladeira e fazer a curva lá em baixo sem pisar no freio. Eram frequentes as capotagens.

O Leviatã
Esse era outro ‘Barata Ribeiro 200’, só que mais novo. Sua fama não era tão grande quanto a do seu irmão, mas tinha seus “causos” também. Crimes, suicídios e ocorrências policiais eram frequentes. Não se ouve mais falar desses dois prédios, embora eles estejam lá, firmes. Penso que é porque a violência deixou de estar confinada nos ambientes fechados, desceu para as ruas e por isso ficou tão banal que os dois astros da década de ouro perderam a fama.

Bairro Peixoto
Um oásis dentro de Copacabana. Até hoje. É a Urca pós túnel. Lugar privilegiado, mini-bairro sempre disputado para moradia, ontem como hoje, que no meu tempo não diferia muito do resto do bairro, porque toda a Copacabana era tranquila. Até nem era tão procurado, porque era calmo demais, um pouco longe de tudo, mais para Túnel Velho do que para Túnel Novo. E o Túnel Velho era o primo pobre, estreito e escuro, que do lado de Botafogo desembocava no cemitério, o que realmente nada tinha de charmoso.
Quem diria...

Ladeira dos Tabajaras
Lugar de boa moradia, por incrível que pareça, nos “altos de Copacabana”, com bonita vista para o mar, de lá de trás.  Eu tinha um conhecido que morava lá, em andar alto, e muitas vezes quando ia na casa dele, ficava admirando a soberba vista, ainda mais bonita do que a da avenida Atlântica, porque de mais alto e mais ampla.
Como é que pode? Muitos apartamentos dessa ladeira, subida para o morro, acho que do Pavão-Pavãozinho, têm hoje suas janelas emparedadas por tijolos por causa das balas que vêm de lá. Não valem um tostão furado.
Mas Copacabana continua charmosa como um lírio, que vive no meio do lodo, mas não deixa a peteca cair.

1950-1960
Foi realmente a década de ouro... Antes, a guerra prejudicou as luzes do bairro. Depois, foi virando bagunça, virando bagunça, até que deu no que deu. Mas eu gosto de Copacabana até hoje. Se você aprender a se precaver, tira de letra.
Eu mesmo já fui assaltado quatorze vezes, mas nenhuma delas em Copacabana... 

Um comentário:

  1. Você sabe que eu adoro os seus causos! Essas memórias, então... minhas prediletas são as "garotas da marquise" e o "fusca preto"!

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