quinta-feira, 16 de junho de 2011

CHEIROS, LUZES E SONS


11 de maio de 2011



Infância feliz.

Ruído de enceradeira, ao longe, no meio da manhã.
Cheiro do lanche de café com leite, pão e manteiga.
Bonde passando lá na esquina.
Cheiro do forno da padaria, sem ser cheiro de pão quente.
Pregão do vassoureiro.
Cheiro de chuva, na terra fresca.
Banho tomado, crepúsculo. hora de espera do jantar.
Apito da fábrica, às cinco horas.
Chuva e frio em dia cinzento, através da vidraça.
Lavadeira batendo roupa na beira do tanque.
Medo do pio da coruja, nas noites soturnas.
Tardes silenciosas e vazias dos domingos.
Crianças brincando, ao longe.
Sol coado pela névoa morna do outono.
Cheiro de bolo quente, no meio da tarde.
Banho de chuva.
Tilintar das bolas de gude, na sarjeta.
Cheiro de mato molhado, nos terrenos baldios.
Vozes conversando baixinho, gente sentada em cadeiras na calçada.
Algazarra das matinês de domingo.

Não sei onde foi a sua infância, mas se foi nos anos quarenta, em uma rua sombreada, calma e silente, em um bairro sossegado, então pode ter sido igual à minha.




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