sábado, 25 de setembro de 2010

Lembranças da Empresa - COBRAPI - Trechos




COBRAPI em Vitória



Além das gafes do Durval, que já narrei acima, vale lembrar, em Vitória, principalmente o Roberto. Eu e ele éramos os “velhos” da Cobrapi - rodávamos em torno dos cinquenta e poucos anos. Mas ele mexia comigo como se fosse um garotão. Uma vez, disse, na sala: “Quando alguém diz para o Maurício: ‘Vai procurar sua turma!’ - ele corre pro cemitério”. Ou então: “Maurício, é verdade que o Ruy Barbosa era como dizem, mesmo? Como era o convívio com ele?” Do nada, de sua prancheta, ficava soltando essas bobagens.
Um dia chegou lá com uma história que lhe contaram, que para ficar bom das hemorróidas era preciso cortar uma bananeira e sentar em cima do toco com o cú de fora. Diz ele que fez isso, ficou lá um tempão e não adiantou nada. Então fez um desenho (desenhava muito bem): ele próprio, pelado, sentado no toco da bananeira, com uma cara desconsolada, e saindo broto de bananeira por todos os lados - pelos ouvidos, pelo nariz, pela boca... Não precisa nem dizer que, quando ele fez a cirurgia, toda a Cobrapi participou do evento com detalhes.
Ainda o Roberto, que era um palhaço (no bom sentido...): Havia uma desenhista que usava umas calças tão justas, que pareciam costuradas no corpo. Naquele tempo - há vinte anos atrás - isso não era comum como hoje. Além do mais, ela tinha um bumbum de impor respeito. Lógico que todo mundo ficava admirando a escultura. Um dia, ela foi despedida. Lá veio o Roberto: “A Fulana foi despedida por justa calça.”
Trabalhávamos no 18º andar. Havia um fenômeno curioso, uma corrente de ar quente, ascendente, que fazia com que um papel que se jogasse da janela subisse, ao invés de descer. Roberto fazia uns cilindros com uma folha de jornal, e preso com durex um rabinho de papel bem fino. Chamava o engenho de espermatozóide, por causa da forma. Soltava aquilo da janela, o bicho subia, subia e desaparecia atrás do morro que havia do outro lado da rua, para cair não sei onde. Uma vez, Rodrigo era pequeno - oito anos - e foi lá no escritório comigo, onde viu os engenhos do Roberto. Saiu-se com esta: “Tio, me ensina a fazer espermatozóide?”
Houve uma época em que trabalhamos em um galpão pré-fabricado, dentro da usina, de pé direito muito baixo, que, embora forrado, era quente como o diabo. Éramos umas duzentas pessoas. Mas os aparelhos de ar condicionado davam bem conta do recado. Só que houve uma pane no sistema e aquilo virou um inferno, com todo mundo se derretendo e reclamando, sem poder trabalhar. Roberto não deixou passar: “Vamos aproveitar, pessoal, esse ambiente de calor humano!”
A Fernanda era uma colega e tanto. Engenheira calculista, muito educada e recatada, e sempre muito alegre. Por isso, essa história fica ainda mais engraçada. Estávamos falando sobre frutas regionais, diferentes, por isso desconhecidas de alguns. Cada um mencionava uma. Era ubú, cupuaçu, uva-de-macaco, gabiroba, enfim, tinha de tudo. Foi então que a Fernanda aproveitou o silêncio da sala: “Gente, quem aqui já comeu ‘cabeludinha’?...” 
Aí que o silêncio foi mesmo  sepulcral. Um olhou para o outro, prendendo o riso, respeitando a moça. Até que o Gilmar, um fala-mansa boa praça, disse: “Bem... acho que aqui todo mundo já comeu cabelu-dinha... Eu, já comi cabeludinha, já comi carequinha...”
Não tinha mais como respeitar a Fernanda... a sala veio abaixo... Mas ela levou na esportiva e reconheceu que “cabeludinha” não era, enfim, uma fruta tão rara assim...

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