17-6-97
Sou as asas que sustentam o vôo,
Não sou a turbina que impulsiona.
Sou o vagão que conduz a lenha,
Não sou a locomotiva que a queima, sôfrega.
Sou as rodas do carro que desbrava as estradas,
Não sou o engenho que impulsiona o eixo.
Sou o clarim que anuncia a vitória,
Não sou o arauto que o sopra.
Sou a semente,
Não sou o ventre que a abriga.
Sou o veneno,
Não sou a rolha que veda o frasco.
Sei quem sou.
Já fui arauto? Não sei.
Serei um dia a turbina
Que arranca as asas do chão? Talvez.
Serei veneno, ainda,
Recalcitrante e teimoso, mais uma vez?
Quem há de saber?
Não sei quem fui,
Não sei quem serei.
Mas, seja eu quem for,
Sempre o ventre haverá de precisar da semente
Para que cresçam juntos
E dêem luz à vida, infinita.
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