A escada que dava acesso ao segundo andar terminava ao lado do quarto do casal. Um dia eu ia subindo para o meu quarto, à noite, tudo escuro. Quando cheguei no topo da escada meu pai apareceu de repente do quarto dele e deu-me um bruto susto, imitando um bicho qualquer. Arrepiei-me todo e - na hora - fiquei mudo. Aos poucos, depois de dias, comecei a falar, mas totalmente gago. E ele, ficou assustado? Nada... “Isso passa...” - disse, sorrindo. A gagueira passou mesmo, mas só depois de seis meses.
Mais tarde, me passaria outro susto, na sala da casa da Barão de Itambi, eu já com meus quinze anos. Eu estava naquele salão enorme, também todo escuro, batendo à máquina, com um abajur iluminando apenas o teclado. Ele enfiou só a cara na porta, com uma lanterna iluminando do queixo para cima. E deu uma risada. Foi a conta. Só que dessa vez não fiquei gago.
Ele era um palhaço sisudo.
Você era a vítima predileta do Chiquito ou ele pegava qualquer um? Rs. Adoro essas suas lembranças, pelas histórias e o seu modo de contá-las. Muito bom saber que aquela criança gaiata e esperta continua existindo até hoje e é o meu pai! Beijo,
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