quarta-feira, 22 de setembro de 2010

MINHA IRMÃ






Perdoa, minha irmã,
O meu passo apressado,
As minhas desculpas
Para não te sentir mais de perto.

Perdoa a minha insensibilidade.

Conheço todas as regras da vida,
Mas falta-me coragem para usá-las.
Conheço bem o teu drama
( Igual a tantos outros...)
Embora não te conheça.
Conheço a vigília, necessária,
Conheço a prece que auxilia,
Mas... passo ao largo.

Perdoa, irmã.

Ainda não sou capaz
De te ajudar
Sequer com um sorriso.
Nada consegui
Além de imaginá-la
                              falsamente
Como minha irmã.

Deus poupou-me a vergonha
De negar-te um pedido de ajuda
Que não veio,
Pois deitada estavas, deitada ficaste.
Nem vi teu rosto, escondido
Entre os teus trapinhos.

Dorme, minha irmã.

Dorme sob esse sol radiante
Sob esse céu ostensivamente azul,
Sob esse dia perfeito.


Eu vou fazer de conta
Que não te vi.
Preciso ganhar o meu pão.

Mas, no meu faz-de-conta,
Arrasto uma pergunta
Amarga:
- E o teu pão?

Perdoa, irmã. É tão difícil...

Nenhum comentário:

Postar um comentário