quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A POLÔNIA

Na rua S. Francisco Xavier tinha um terreno enorme que foi ocupado pelos “sem terra” da época, que ali fizeram seus barracos e transformaram o local numa favela. Não eram comuns, naquela época, aquelas invasões, mas não sei por que cargas dágua o terreno foi invadido. Um terreno enorme, retangular, onde couberam bem uns cem barracos. Era todo murado, por isso transformou-se num sub-bairro, porque incrustado no bairro residencial de classe média, o Engenho Velho. As favelas daquele tempo não tinham traficantes nem malandros. Eram todos os moradores trabalhadores honrados; apenas... eram pobres. Apesar disso todos tinham medo da Polônia por ser um lugar “perigoso”, e ninguém entrava lá (boa época, aquela, quando ninguém sabia o que era perigo...). O nome Polônia me parece que veio de uma rua que tinha antes de se transformar em favela, rua Cadete Polônia.
Um dia Júlia, nossa empregada de décadas, foi visitar alguém na Polônia e me levou. Fui, de curiosidade, mas morrendo de medo. Fui, visitei, voltei, não vi nada de demais, ao contrário - gente sorridente e alegre, muito mais comunicativa entre si do que as famílias do Engenho Velho.
Acho que foi ali que comecei a não aceitar muito as opiniões da maioria.

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