Durante uns bons anos usei a mesma fantasia: pagem. Era feita de uma fazenda que me espetava todo no avesso, verde-bandeira, e tinha um barrete com uma pena também verde fincada. Na primeira vez que usei era de calça comprida, mas como o tempo foi passando, passando... no último carnaval já era de calça curta e toda esturricada. Mas eu não a dispensava. Diga-se de passagem que desde o primeiro triduo momesco que a usei já a tinha ganho, não sei de quem, de segunda mão.
Levavam-me a bailes infantis, mas não me lembro de detalhes dessas festas. Só me lembro da fantasia, que me pinicava todo, mas eu aguentava firme.
Quarta-feira de cinzas não se ouvia nada no rádio que não fossem músicas clássicas ou de igreja. Essa prática se estendia por toda a quaresma. Era um período bastante fúnebre. Lembro-me de uma vez que eu botei uma camiseta com listas, nesse período, e, apesar de ser criança, um senhor chamou-me a atenção, na rua, dizendo; “Você não sabe que o carnaval já acabou ?” Cheguei em casa apavorado, por ter maculado o ambiente fúnebre reinante.
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